sexta-feira, abril 15, 2011

O recalque da barba e o rabo do pavão.


Em mais ou menos 6 anos te trajetória na Universidade, mais especificamente em um curso de humanas (FFLCH), pude perceber uma tendência masculina a qual eu chamo de recalque da barba. Foi a primeira palavra que me veio à cabeça quando aqueles rostos sem pelos apareceram repentinamente barbados.
Recalque, para que não conhece o termo,

Para a engenharia civil...
O recalque ou assentamento é o termo utilizado em engenharia civil para designar o fenômeno que ocorre quando uma edificação sofre um rebaixamento devido ao adensamento do solo sob sua fundação
Na concepção dos pensadores do funk...
"Sou gente, da gente e isso te incomoda
Mais esse recalque é sua consequência"

Para Freud...
“A resistência se manifestava sob a forma de falha de memória ou da incapacidade de falar sobre o tema sugerido. Essa resistência foi entendida como uma defesa que mantinha fora da consciência a idéia ameaçadora. Defesa – Censura exercida pelo ego sobre a idéia que despertam vergonha e dor.
O objeto do recalcamento não é, a pulsão propriamente dita, mas um de seus representantes - o representante ideativo – capaz de provocar desprazer em face das exigências da censura exercida pelo sistema Pcs/Cs." (http://migre.me/4FuIU)

Constatei o recalque da barba observando como seus detentores a exaltam!


Fico imaginando os pequerruchos aos doze anos, naquela época que o bigodinho de pulga surge, eles ficavam desesperados: “Que coisa mais retrô bigodinho”. E já começam a se barbear.
Antes da possibilidade de exibir a barba em diversos tamanhos e formas, os rapazes passavam horas arrancando os pelos e cuidando para que a pele não ficasse cinza. Assim como se apresentar para uma gatinha com aquela “cara de mulambento” era uma coisa muito ruim!

Mas neste mundo, haverá sempre um paraíso! Neste caso, um paraíso atemporal! Que atribui a barba, valores dos séculos passados.
Para além de uma cara mal cuidada, de uma pele cinza, da cara de cafajeste! Mon dieu... Existe toda uma construção!
Na academia o que mais conta é a postura, é a aparência. Os intelectuais desse nosso país andam com seus olhares vagos, ou com o peito estufado de militância...

Mas a barba?

Ah... A barba não é coisa de mulher! Então a gente deixa crescer, e daí a gente fica parecendo mais sério, mais inteligente, mais desencanado com a aparência...
Deixar a barba crescer é quase um rito de passagem, é o grito: virei homem! É a rebeldia contra os pais que criaram aquelas coisinhas tão bonitinhas!

E tudo isso, toda essa alegoria a barba, é só pra dizer que eu vejo, nesses 6 anos, as pessoas moldarem-se em qualquer coisa que não o são. A postura do “desencanado” é nada mais que outra imposição.

No caso das mulheres, (comentando rapidamente, pois o foco são os mocinhos) o recalque se manifesta com pelo nas pernas e no suvaco, elas adoram levantar o braço e te mostrar os pelos, como quem diz “eu sou livre”! Então eu olho e penso... Eu também!

A barba (o pelo), na FFLCH, é o rabo do pavão!

Mas uma reflexão sem sentido, parabéns pra você que chegou até aqui!