terça-feira, agosto 24, 2010

Incentivo a leitura?

Foi essa a mensagem de encerramento deixada ao fim da 21ª Bienal do Livro de São Paulo.
Espantei - me com o evento esse ano, já faz tempo que acompanho e lembro um pouco das mudanças que foram acontecendo ano após ano.
Na internet você encontra a notícia de que em 2008 a Bienal foi um pouco fraca, 66 mil visitantes por dia, em 2010 temos nada mais nada menos que 73 mil pessoas por dia o que totaliza 740 mil visitantes.

São 740 mil apaixonados pela leitura. Será?


Na fila eu escutei uma menina dizendo o seguinte: - Será que tudo isso de gente lê mesmo, aposto que não!

Diante dos altos preços marcados pelas editoras, só podemos pensar que o livro virou fetiche, ou seja, compram-se livros como se fossem acessórios.


Em um país de analfabetos temos um evento tão grandioso e que demonstra preocupação com o analfabetismo, adianta fazer só campanha? Não!

Ok! Vamos às classes econômicas mais baixas ensinar a ler...Será que eles terão 60 reais para gastar com um livro? Não!

Nessa Bienal o que encontramos, foi uma multidão de consumidores sem idéia do que estavam fazendo lá! Parecia promoção de roupas! Aliás, não vi promoção alguma!

Dessa vez as editoras somente usaram o nome da Bienal para vender mais! Isso ficou claro! Péssimo passeio! Péssima organização!

Antes o que era um evento literal de incentivo a cultura, hoje é só mais uma banalização do comércio de livro! Comprem! Apenas comprem!


Fonte dados: http://www.inep.gov.br/estatisticas/analfabetismo/
Acessado em 24/08/2010 às 09:00

12 comentários:

  1. #Julio Cascalles: via buzz24 de agosto de 2010 às 09:01

    Os escritores mais conservadores morrem de medo do livro virtual - mas pode acontecer com o livro o mesmo que aconteceu com a música: Se a pirataria tomar conta, já era! Aí os editores vão querer "popularizar" a leitura, mas será tarde demais...para eles.
    (Mas os leitores vão adorar)11:22

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  2. #Fernando Rufino: via buzz24 de agosto de 2010 às 09:03

    Mas sobre o post, o que mais me incomoda é que cobram caro e o acabamento é aquele de "papel", que dura menos...
    Eu sou meio pé atrás com esse assunto também pq pra mim num adianta ler qualquer livro, tem que ler livro bom.
    Por enquanto eu sou a favor do livro de papel mesmo porque NINGUÉM vai roubar o seu livro na rua enquanto você estiver lendo, nem que ele tenha custado o preço da mochila que você leva nas costas, além de dar pra fazer anotações diretamente na tela. E a bateria nunca acaba. xD
    eBook pra mim é bem mais útil pra livro de faculdade, porque é mó comum a gente precisar de mais de um livro pra uma matéria...11:54

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  3. #Julio Cascalles: via buzz24 de agosto de 2010 às 09:04

    Ironia: Este post sobre a falta de hábito de leitura do brasileiro...ninguém leu!
    (Eu li :)

    Tem gente que acha que coisa cara é coisa boa.
    A pesssoa paga R$ 300,00 para ir ao cirque du soleil mas não gasta R$ 30,00 para ver o Circo Voador!

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  4. #Marinchains: via buzz24 de agosto de 2010 às 09:05

    Fora quem nao tem nem 30 nem 300!
    Conhece o Vale cultura?

    http://blogs.cultura.gov.br/valecultura/

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  5. #Julio Cascalles: via buzz24 de agosto de 2010 às 10:18

    Como chama mesmo aquele aparelho para ler ebook?

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  6. #Bina binoca: via buzz24 de agosto de 2010 às 10:19

    Kindle? Hum..acho que quero um kinder ovo...

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  7. #Julio Cascalles: via buzz24 de agosto de 2010 às 10:19

    Valeu, Bina! É Kindle mesmo.

    http://www.google.com.br/images?q=kindle

    E pensar que livros são isentos de imposto...Então não deveriam ser tão caros!

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  8. Conhecem o vale presente do governo do estado de São Paulo?

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  9. Este foi o meu primeiro e último ano de visita na Bienal do Livro. Fui ao evento com duas alunas e ambas fizeram o mesmo questionamento que a responsável pelo o blog: Será que essas pessoas leêm ou estão por aqui apenas para diversão?

    E, caminhando em meio as massas pude perceber, em muitos diálogos, que estavam ali apenas por status. Uma forma de muitas pessoas se firmarem e estabelecerem o seu capital simbólico e cultural.

    Se a proposta da Bienal é incentivar as pessoas a leitura, que façam sem o espetáculo. O evento serviu apenas como entretenimento para as classes mais baixas, que residem em bairros com poucas possibilidas para o entretenimento e o lazer, para os cults que vangloriavam-se com ares estúpidos aplicando o capital cultural e simbólico, copiando a juventude européia desde as suas roupas, formas de falar, agir e pensar e alguns interessados pelo universo da leitura.

    Como nos demonstra muitos autores: A sociedade moderna (capitalista) consegue recriar os espaços de entretenimento, lazer, educação, entre outros apenas como espetáculo e afirmar o lixo que produzem.

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  10. Fernando Brito Rufino25 de agosto de 2010 às 11:57

    Assino embaixo do que você escreveu, Thiago.

    Esse termo "capitalização da cultura" sintetiza bem o que eu vivo tentando dizer sobre os vulgos "posers". Para mim, é como se a mentalidade de "currículo" tivesse penetrado na cultura e pervertido algo que poderia ser uma experiência rica e prazerosa em um mero adorno, um objeto de acumulação pra lá de primitiva. A partir disso, passa-se apenas a contabilizar a quantidade, e não a qualidade do conhecimento; vale mais quantos você já leu, e não o que você entendeu e como isso te afetou. O que interessa é quanto aquilo vale aos outros, e não o que vale para você mesmo.

    A estante da sala virou vitrine. A imagem do culto já foi pirateada há muito tempo. De um ponto de vista ideológico, é uma pena, apesar de um olhar realista sugerir que sempre tenha sido assim, pela da própria natureza do homem, que às vezes parece um pavão.

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  11. A paixão por livros é, de certa forma, uma forma de se demonstrar uma pessoa cult e interessante. De certa forma, penso que é a direção para a qual somos empurrados: em uma vida de superficialidades, parecer soa melhor do que ser, e, neste sentido, a bienal pode ser o desfile que mencionaram acima. Estranho, mas factível.

    Como subvertermos essa ordem instituída?

    (albuns bem bacana no flickr!)

    beijos,
    Gabriel

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